Moda Periférica: O Estilo que Reflete Luta e Identidade
- graunapt
- 9 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Por Camilla Reggiani, estudante de Ciências Sociais na PUC-SP e militante do Coletivo Graúna.

A moda periférica vai muito além das grandes marcas, como peças de roupa da Lacoste ou um óculos da Oakley. Ela está verdadeiramente relacionada com o estilo de vida e um sentimento de pertencimento da população periférica e, por isso, as suas origens e a sua importância para a luta de classes devem ser entendidas.
As peças de roupa e marcas características da cultura periférica, como a Juliet, Ap Vest, muitas correntes, relógios grandes, bonés, Lacoste, Oakley, Tommy Hilfiger e outras, estão fortemente relacionadas com o crescimento do funk ostentação, vertente do ritmo periférico relacionada à ascensão financeira, que ocorreu entre os anos 2000 e 2014. Ou seja, as letras demonstram artigos de luxo e falam sobre como um indivíduo que nasceu na periferia pode enriquecer, no sentido literal.
Assim, muitos itens de luxo foram se popularizando na periferia, considerando o mercado da pirataria existente no Brasil. Inicialmente, esse estilo se dava pela ambição de ascender social e financeiramente, pelo sentimento do sonho, do desejo. Atualmente, o estilo de vida que se dá pela moda periférica está relacionado completamente ao pertencimento, ao orgulho da periferia, e pouco relacionado ao sonho. Essa transformação ocorreu pelo crescimento de consciência e valorização da origem periférica.
Entretanto, ainda é uma incógnita como e quem escolheu essas marcas e peças específicas que identificam a periferia hoje. Apesar de entendermos que isso surgiu com as letras e a imagem do funk ostentação, por que especificamente os óculos da Oakley, por exemplo?
Em suma, devemos entender o quanto um estilo de roupa pode transparecer um estilo de vida: usar uma certa marca ou peça é levantar uma bandeira. Ser participante da moda periférica é um ato revolucionário, de modo social, que se relaciona com o estigma que ela sofre. As palavras que oprimem a cultura da periferia estão completamente relacionadas à burguesia, ao ódio ao proletário e à alienação da população.
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