O dólar subiu: o que aconteceu?
- graunapt
- 27 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Por Eduardo Neri Ferreira, graduando em Ciências Econômicas na PUC-SP e militante do Coletivo Graúna.

Sem levar em conta os termos técnicos, gostaria que você imaginasse que cada país é uma pessoa querendo fazer um empréstimo.
O país que pagar mais pelo dinheiro, ganha mais dinheiro.
Se os Estados Unidos anunciarem que para receber 10 dólares, pagam 3% e o Brasil afirmar que para receber 10 dólares, paga 4%, as pessoas vão preferir emprestar dinheiro para o Brasil.
Isso, claro, desconsiderando a fama de bom ou mau pagador dos países (o risco de não pagarem) e a inflação (a desvalorização do dinheiro).
Essas porcentagens (10% EUA e 3% Brasil) são as taxas de juros para os títulos do governo. No Brasil, essa taxa se chama SELIC e ela é definida pelo Banco Central. Nos Estados Unidos, a taxa base é conhecida como Fed Funds, que é definida pelo Federal Reserve.
Então, o que aconteceu?
O dinheiro dos Estados Unidos se desvalorizou, a inflação subiu e, com o objetivo de conseguir mais dinheiro para sua economia, as taxas de juros subiram 0,75%.
O que fez com que as pessoas preferissem emprestar dinheiro aos Estados Unidos ao invés de para o Brasil, elevando o preço do dólar de 4,80 reais para 5,40.
Havia duas opções para resolver o problema em nosso país: uma mais rápida e mais nociva e outra mais lenta, porém mais estável para a economia.
A primeira seria baixar as taxas de juros do dólar: essa movimentação atrairia dinheiro para o Brasil rapidamente, diminuindo o preço da moeda. Em contrapartida, aumentaria os juros de todo o resto, dificultando para as pessoas fazerem compras e para as empresas fazerem investimentos.
A segunda seria baixar o dólar por meio de negociações entre países, convencendo empresas externas a investirem no Brasil. Não por meio de empréstimos, mas ao trazer suas fábricas e tecnologias para o país. As baixas taxas de juros ajudariam tais empresas a reinvestir na economia e criariam um ciclo de desenvolvimento nacional.
No dia 19 de junho, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto escolheu a primeira opção e barrou os cortes na taxa de juros, mantendo-a em 10,5% e quebrando a expectativa de que chegaria a 9,5% até o final do ano.
Os recentes acontecimentos no mundo da economia e a política de Campos Neto explicam o momento econômico atual do Brasil.
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