O que está em jogo nas eleições municipais de São Paulo? Parte 1: Desigualdades
- graunapt
- 19 de ago. de 2024
- 2 min de leitura
Por Ana Luísa Calvo Tibério, advogada e internacionalista, mestranda em Ciência Política na USP e militante do Coletivo Graúna.

Na última sexta-feira (16/8), foram oficialmente iniciadas as corridas eleitorais para as prefeituras e câmaras municipais. Entre tantas disputas, uma em especial tem atraído a atenção de todo o Brasil: a disputa pela Prefeitura da cidade de São Paulo, a maior metrópole da América Latina. Por isso, nesta série de publicações, proponho um debate a partir de uma pergunta-chave: o que está em jogo nas eleições municipais de São Paulo?
Com uma população de 11.451.999 pessoas e uma densidade demográfica de 7.528,29 habitantes por km² (IBGE, 2022), São Paulo é a cidade mais populosa e uma das mais densamente povoadas do país. Segundo o IBGE (2021), possui um PIB per capita de R$ 66.872,84 e 58,75% de sua população está empregada formalmente, sendo a maior parte dessas vagas concentrada na região central.
Apesar de rica, São Paulo é extremamente desigual, e este é o principal desafio a ser enfrentado por quem assumir a Prefeitura nos próximos quatro anos. Enquanto no Jardim Paulista, bairro nobre e central, a expectativa de vida é de 80 anos, no Iguatemi, no extremo da zona leste, ela cai para 59,3 anos; enquanto em Moema, bairro nobre da zona sul, apenas 5,8% da população se identifica como preta ou parda, no Jardim Ângela, também na zona sul, esse número sobe para 60,1% (Mapa da Desigualdade, 2022).
O Boletim das Metrópoles de 2022, estudo realizado pelo PUCRS Data Social, Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), indica um aumento das desigualdades, apesar da recuperação da renda, evidenciado pelo crescimento do Índice de Gini de 0,600 para 0,614 (referente à região metropolitana).
A principal explicação para esse resultado, conforme apontam os dados, está no fato de que os mais ricos têm se beneficiado mais do crescimento da renda do que os mais pobres. O grupo de menor renda é o mais desprotegido no mercado de trabalho, pois, geralmente, as taxas de informalidade afetam mais fortemente esse segmento da população. Isso significa que, mesmo com o aumento da renda, as garantias necessárias para que essas pessoas permaneçam no mercado de trabalho não estão completamente asseguradas (Boletim das Metrópoles, 2022).
Portanto, o que está em jogo nas eleições municipais da maior cidade do país não é apenas um cargo, mas sim o enfrentamento – ou a omissão – diante das desigualdades que assolam a cidade. De um lado, há a opção de continuar governando apenas para os ricos, tornando São Paulo ainda mais desigual; de outro, é possível governar para todos, mas principalmente para os que mais precisam. Afinal, o que está em jogo é o futuro das pessoas mais pobres e vulneráveis, que dependem do Estado para suprir suas necessidades básicas em áreas como educação, saúde e mobilidade urbana.
O que está em jogo é a construção de uma cidade mais justa, igualitária, solidária e acolhedora para todos os seus habitantes. Por isso, São Paulo precisa de Guilherme Boulos e Marta Suplicy!
Referências bibliográficas:
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