Sincretismo Religioso e a Intolerância contra as Religiões de Matriz Africana no Brasil
- graunapt
- 20 de jun. de 2024
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Por Ana Beatriz Caldeira, estudante de Ciências Sociais na PUC-SP e militante do Coletivo Graúna.

Em um período em que a religião católica era imposta aos escravizados africanos recém-chegados, nasce o sincretismo religioso no Brasil. Um disfarce criado para preservar os cultos ancestrais africanos, associando os orixás aos santos católicos. O sincretismo foi a chave da sobrevivência e o grande símbolo de resistência das religiões de matriz africana.
Nos dias atuais, as consequências desse período ecoam na forma do que chamamos de intolerância religiosa, ato que descumpre a Constituição Federal, artigo 5º, inciso VI: estipula ser inviolável a liberdade de consciência e de crença, assegurando o livre exercício dos cultos religiosos e garantindo, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”. E o que era para garantir a liberdade religiosa, parece não servir de nada diante do conservadorismo de um Estado, em tese, laico.
Segundo dados estatísticos, as religiões mais afetadas pela violência e intolerância religiosa são as de matriz africana. A marginalização dessas é um reflexo do período escravocrata da sociedade brasileira e as fake news, atos e discursos de ódio, que evidenciam como essa repercussão se manifesta e persegue aqueles que não são adeptos do cristianismo e do catolicismo.
A violação de um Estado laico que não cumpriu e nem cumpre com a Constituição, se faz cúmplice de um conservadorismo velado e enraizado na sociedade brasileira. Enquanto o Congresso for conivente com ideais religiosos que privilegiam um lado da história, a intolerância religiosa continuará sendo sanguinolenta com aqueles que resistem.
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